Em homenagem ao Festival FLORIPA TEATRO - ISNARD AZEVEDO, publicamos hoje a analise de um dos espetáculos que apresentará na próxima semana, pelo festival.
O texto abaixo foi escrito pelo
Professor Valmor Níni Beltrame, da UDESC, e gentilmente cedido ao Círculo
Artístico Teodora para ser publicado neste nosso blog.
Hipotermia: um teatro contemporâneo
Para comemorar seus 30 anos de
teatro, o ator Nazareno Pereira estreou Hipotermia, ontem no Teatro da UBRO, com
texto de Max Reinert, catarinense conhecido por seu trabalho na Cia. Tespis, de
Itajaí. O espetáculo é dirigido por Júlio Maurício, do Teatro Sim Por... Que
Não?!!!, de Florianópolis.
Texto, encenação e atuação se aliam para situar o desconforto vivido pelo personagem que rememora situações vividas, se questiona pelo que fez e deixou de fazer potencializando as dúvidas sobre a existência do ser humano na sociedade contemporânea. O personagem é um e pode ser todos, não é um ser humano em especial, mas seguramente remete ao que existe de comum em todos os seres humanos.
Texto, encenação e atuação se aliam para situar o desconforto vivido pelo personagem que rememora situações vividas, se questiona pelo que fez e deixou de fazer potencializando as dúvidas sobre a existência do ser humano na sociedade contemporânea. O personagem é um e pode ser todos, não é um ser humano em especial, mas seguramente remete ao que existe de comum em todos os seres humanos.
O público pode ver uma encenação
cuidada que se pautou por princípios de precisão, limpeza e economia de meios.
O cenário enxuto dá a noção de um não lugar, espaço concentrado que cria a
atmosfera de confinamento, clausura, asfixia. A iluminação ajuda a desenhar
este mesmo espaço e colabora para criar climas e plasticidade ao ambiente. As
sonoridades criadas para o espetáculo intensificam os climas de tensão e
desconforto vividos pelo personagem. Há harmonia na composição do trabalho ao
utilizar os meios expressivos como luz, cenário, figurino e sonoridades
primando e priorizando o uso da palavra dita. Aliás, hipotermia é um texto para
ser ouvido, sentido, lido e relido.
Nazareno Pereira, pela primeira vez
solista, se entrega a uma atuação que envolve o público produzindo por vezes, estranheza,
desconforto e ao mesmo tempo cumplicidade. Chama a atenção o modo como o ator domina
o exíguo espaço cênico, sua familiaridade e desenvoltura no desconfortável
espaço metafórico que a encenação evoca. Contenção, limpeza de gestos e ações,
movimentos precisos dão a densidade que o trabalho requer.
Hipotermia exemplifica e concretiza
uma das inúmeras propostas teatrais que se definem como arte contemporânea.
Professor de Teatro na UDESC
ninibel@terra.com.br
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O espetáculo HIPOTERMIA, do grupo Teatro, Sim... Por Que Não?! apresentará no dia 21 de outubro de 2015, às 19 h, no Teatro Álvaro de Carvalho, pelo Festival Isnard Azevedo.
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